30 de julho de 2009

Karmmita Medeiros


Bate-papo com Karmmita Medeiros


Karmmita Medeiros foi um dos símbolos máximos do savoir-vivre carioca. Sabendo aliar classe e estilo, essa antiga locomotiva imprimiu sua marca na sociedade brasileira.

Talentosa jornalista, promoter e relações-públicas, Karmmita coordenou a exposição Jóia Brasil, grande evento que mostrou criações de 11 artistas brasileiros na galeria Printemps Haussman, como parte das atividades agendadas para o ano do Brasil na França, em 2005.

Seja escrevendo para a coluna Go Paris, da revista online Go'Where, ou atuando como corretora imobiliária, alugando apartamentos mobiliados e fazendo vendas de imóveis, Karmmita tem-se mostrado uma das maiores representantes do país na cidade Luz, aonde mora atualmente.

2009 é o ano da França no Brasil, e quem melhor do que essa maravilhosa aquisição francesa do conceito de bom gosto brasileiro para um bate-papo perfumado?


Perfumes & Etc - Karmmita, qual é a sua relação com os perfumes?
Karmmita Medeiros - Eles são uma espécie de marca de um tempo. O perfume pode ser ligado a uma grande amor, uma amiga querida, a infância ou uma determinada fase em nossas vidas. Tudo é ligado a uma lembrança olfativa, se é que posso dizer assim.
Tenho o olfato muito sensível, e perfumes muito fortes me dão dor-de-cabeça ou enjôo. Aliás, acho indelicado usar odores que possam incomodar os outros. Uso perfumes só à noite, e, durante o dia, eau de toilette. Não sou uma colecionadora de perfumes como a Christina Oiticica - aliás, conheço a coleção dela, que é belíssima - mas sou apaixonada por cheiros. Para o dia, gosto de odores leves como o Iris Nobile, de Acqua di Parma, e para a noite, uso um dos perfumes do JAR (Joel A. Rosenthal).


Perfumes & Etc - Quais são os aromas ou fragrâncias que marcaram as épocas de sua vida?
Karmmita Medeiros - Com certeza, fragrâncias cítricas que combinam muito bem com o verão e me trazem boas lembranças da época em que morava no Brasil. Usei a Rastro durante muitos anos. Acho que o artista plástico Aparício Basílio da Silva foi inovador na perfumaria brasileira, sem sombra de dúvidas. E também adoro a colônia Johnson's.


Perfumes & Etc - Quais são as suas fragrâncias prediletas no sexo oposto?
Karmmita Medeiros - Gosto de L’Eau de l’Artisan, de L’Artisan Parfumeur, e Eau d’Hadrien, da Annick Goutal.


Perfumes & etc- Como você poderia definir uma pessoa bem perfumada?
Karmmita Medeiros - Antes do perfume, tem sempre a higiene do banho, dentes, cabelos... O uso da fragrância vem depois, e nunca com exagero. A pessoa mais bem perfumada que conheço é o meu amigo Roberto Paz. Às vezes, ele confecciona água de colônia para uso próprio, permanecendo 24 horas com cheiro de limpo. A casa dele também tem um aroma inesquecível.


Perfumes & etc - Finalizando, como você vê o futuro da perfumaria brasileira no exterior?
Karmmita Medeiros - Temos produtos maravilhosos, e acho que a cada dia a perfumaria brasileira cresce mais.



Visitando a cidade Luz, e procurando por um belíssimo apartamento mobiliado, ou um imóvel especial, não deixe de contatar Karmmita.

Karmmita Medeiros
E-mail: karmmita@gmail.com
Tel: +33620537974/Fax: +33140410794
Blackberry pin code : 2628D2F7
Skype: Karmmita


Ilustrações ~ Todas as ilustrações foram utilizadas com a autorização de Karmmita Medeiros. Reprodução proibida.



24 de julho de 2009

1876 - Mata Hari

1876 - Mata Hari


Histoires de Parfums é uma marca que tem como conceito básico a elaboração de fragrâncias inspiradas em figuras históricas. 1876, cujo nome evoca o ano de nascimento da legendária Mata-Hari, poderia servir de biografia olfativa a notória dançarina. Sendo assim, antes de analisarmos o perfume, entraremos no mundo de uma das mulheres mais polêmicas do século XX.

O personagem - Margaretha Geertruida Zelle nasceu no dia 7 de agosto de 1876, filha do próspero comerciante de chapéus Adam Zelle, e de sua esposa Antje van der Meulen, em Leeuwarden, Holanda.

Depois de anos de fartura, Adam Zele conheceu tempos difíceis, vindo a declarar falência em 1889, e abandonando a família pouco depois. Margaretha, sua mãe e seus irmãos viram-se forçados a morar em um pequeno apartamento. Em maio de 1890, Antje falece e seus filhos separam-se.

Após uma breve passagem por uma escola normal, de onde foi expulsa por ter sido o objeto dos amores do diretor, Margaretha muda-se para the Hague. Um anúncio publicado em um periódico local chama sua atenção. As poucas linhas escritas solicitavam candidatas ao posto de esposa de um oficial das forças armadas holandesas nas Índias Orientais, Rudolph MacLeod. Margaretha, 19 anos, e Rudolph (também conhecido como John), 20 anos mais velho, encontram-se em março de 1895, e casam-se seis meses mais tarde. Em janeiro de 1897, nasce o primeiro filho de ambos, Norman-John, e em maio, a família muda-se para Java. Em 2 de maio de 1898, Jeanne Louise vem ao mundo, sendo logo apelidada de Non (abreviação da palavra malaia "nonna", que significa "menininha").

O casamento foi tumultuoso, marcado pelo temperamento difícil de Rudolph, e pelo falecimento do pequeno Norman-John, de pouco mais de dois anos, vítima de envenenamento por parte de um dos empregados. Rudolph, dilacerado pela dor, acusava freqüentemente Margaretha de desatenção, incutindo a culpa pela morte do primogênito. A situação torna-se intolerável, e em agosto de 1902, pouco depois do retorno a Holanda, Margaretha pede o divórcio, obtendo a guarda de Non, e uma pensão mensal. Contudo, Rudolph nunca cumpriu com suas obrigações financeiras, e, aproveitando uma das visitas da filha, separou-a de Margaretha. Mãe e filha viram-se somente uma vez a mais, na estação ferroviária de Arnhem, em 1905.

Aos 26 anos, sem família, sem dinheiro e isolada socialmente, Margaretha decide mudar-se para Paris. Trabalhando como modelo artístico, e estudando dança, o esboço de uma nova personalidade começa a ser traçado. No dia 13 de março de 1905, no Museu Guimet, Margaretha apresenta-se como dançarina indiana, adotando um nome de cena malaio, traduzido literalmente como "olho do dia", mas significando "sol". Nasce Mata-Hari.

Mata-Hari conheceu grande sucesso na Paris da época, chegando mesmo a brilhar no teatro Olympia. A popularidade crescente proporcionou um outro nível de vida, e diferentes relações amorosas, como Arich Kiepert, em 1906, rico proprietário de imóveis em Berlin, ou o banqueiro conhecido como Rousseau, que instalou-a no Chatêau de la Dorée.

O início da década de 1910 conheceu o apogeu de Mata-Hari, que, em 1914, viaja para Berlin a fim de apresentar-se no teatro Metropol, e encontrar-se com seu antigo amante, Kiepert. Estoura a primeira Guerra Mundial.

Em 1916, Margaretha retorna a Paris e apaixona-se pelo capitão russo Vadime de Massloff, aceitando a proposta do mesmo de espionar para a França. No dia 13 de fevereiro de 1917, Margaretha é capturada no Elysées Palace Hotel, sendo levada para a prisão Saint Lazare, sob acusação de dupla espionagem. Na fria segunda-feira de 15 de outubro de 1917, Margaretha Zelle foi fuzilada, e o mito Mata-Hari entrou para a posteridade.

O perfume - Dentre todas as flores, acredito que a rosa é a mais perfeita para simbolizar Margaretha Zelle. E é justamente em torno da rosa que desenvolve-se 1876. Cada etapa de evolução do perfume parece lembrar um período da vida de Margaretha.

A abertura conjuga força e singeleza com a bergamota, a mandarina e uma tímida nota de lichi sugerindo o frescor da juventude daquela que procurou no casamento segurança e estabilidade. Ao viço inicial, junta-se um certo romantismo, com a entrada em cena da rosa. Porém, a luminosidade juvenil dura pouco, e a uma nota de cominho e canela une-se a rosa, insinuando o exotismo da vida em Java. As cores e temperos da ilha estão aqui representados.

O caráter exaltado da associação entre rosas e especiarias é logo apaziguado pelo requinte da violeta, da iris e do cravo. Exotismo e elegância - Margaretha transforma-se em Mata-Hari.

A violeta faz-se cada vez mais presente, enquanto o cominho perde o poder. A fase final é uma bela simbiose entre rosas e violetas em um fundo de vetiver, sândalo e madeira guaiac. As especiarias ainda estão presentes, mas distantes, ao fundo. Essa grande finale é a minha etapa predileta, onde a extravagância do cominho e da canela é finalmente vencida pela sofisticação da violeta. Uma harmonia que poderia ser traduzida pelo cenário Art-Nouveau do antigo Elysées Palace Hotel, a bela construção de Georges Chedanne (103, avenue des Champs-Elysées) que serviu de última residência a Margaretha Zelle.

A linguagem olfativa da rosa é definida pela dualidade entre força e delicadeza. Uma elegância contida, que nunca se revela completamente, como Margaretha Zelle... E como Mata-Hari.



Ilustrações ~primeira à direita - casamento de Margaretha Zelle e Rudolph MacLeod (Griet e John), em 11 de julho de 1895 - Amsterdan (Coleção Mata-Hari, Fries Museum Leeuwarden)
~ primeira à esquerda - Mata-Hari, Paris - 1905
~ segunda à direita - Mata-Hari no Les Folies Bergère, em 28 de junho de 1913
~ segunda à esquerda - 1876, de Histoires de Parfums - fonte: Histoires de Parfums
~ terceira à direita - 103, Avenue des Champs-Elysées, antiga localização do Elysées Palace Hotel. O prédio, construção de Georges Chedanne, serve atualmente de endereço para o banco HSBC.




15 de julho de 2009

Histoires de Parfums


Histoires de Parfums


Gérald Ghislain nasceu no sul da França e foi criado no Marrocos, absorvendo todo o exotismo e riqueza aromática do local.

Aos 13 anos, Gérald voltou ao seu país natal, debutando como aprendiz e imergindo no mundo da restauração.

Passados vários anos, esse apaixonado por artes e literatura mudou-se para Paris, trabalhando nos mais badalados restaurantes. E foi na romântica Paris que Gérald encontrou uma estudante de moda muito especial, Gene. Seguindo a impetuosidade dos vinte anos, ambos decidiram casar-se.

Em dois anos de união, a dupla abre o primeiro restaurante, "Le Chant des Voyelles", dedicado a culinária francesa. O sucesso do primeiro restaurante foi seguido pela inauguração do segundo, "Les Piétons", localizado na mesma rua. Os dois estabelecimentos contavam com a assinatura de Gene no design e na decoração.

Porém, Gérald e Gene procuravam uma atividade aonde a criatividade e senso artístico de cada um pudessem ser direcionados, e as tradições francesas honradas e respeitadas.

Gérald dedica-se então ao estudo da perfumaria, ingressando no famoso ISIPCA (Superior International Institute of Perfumes, Cosmetics and Food Flavor), em Versailles.

Em 2000, o sonho de Gérald e Gene realiza-se finalmente. Nasce Histoires de Parfums - uma marca na qual a intuição e a criatividade primam, independente de tendências de mercado.

Sucede-se o lançamento de uma linha de 7 perfumes, tendo como tema personagens reais, cuja história e traços de personalidade são descritos pela narrativa olfativa. De Eugénie de Montijo, passando por Colette, Jules Verne, Marquês de Sade e Mata-Hari, somente para citar alguns, cada figura mítica inspira uma fragrância, e tem sua trajetória desvendada por notas.

Além dos personagens principais, a linha dispõe dos soliloquies Noir Patchouli, Blanc Violette e Vert Pivoine, bem como os "cult books" 1969 e Ambre 114, um tributo aos 114 elementos que intensificam o aroma do ambre. Na coleção Soliloquies, as notas predominantes são representadas por cores. O negro procura traduzir o patchuli, enquanto o frescor da peônia é relevado pela cor verde, e o branco, remanescente do pó facial, lembra a violeta.

O feitio dos frascos, elaborados por Magali Sénéquier, evoca a forma de livros, afirmando o conceito e convidando a um mergulho na trama, onde o aroma fala mais do que palavras.



Ilustrações - Coleção de Histoires de Parfums



9 de julho de 2009

Hypnose Senses


Hypnôse Senses


Eu tive, enfim, a oportunidade de testar o novo bebê Lancôme, Hypnôse Senses - variação de um dos top-sellers da marca, Hypnôse. Não escondo a minha surpresa ao constatar que Lancôme foi capaz de produzir uma das mais agradáveis fragrâncias dos últimos meses.

Ao contrário de seu irmão mais velho, Hypnôse Senses prima pela suavidade e discrição. Nada do exotismo de notas de maracujá na abertura, nem da baunilha avançando bravamente. Para apreciar Hypnôse Senses, deve-se evitar comparações com Hypnôse.

A abertura de Senses evoca conforto. A mistura do almíscar com um levíssimo toque ambarado, temperado por uma tímida nota de pimenta rosa traz a mente imagens de peças de seda. A delicadeza e elegância do tecido poderiam muito bem traduzir os primeiros estágios da fragrância.

A união entre o osmanthus e a mandarina compõe um acorde frutal, que sugere uma vaga familiaridade com a versão original, Hypnôse. Essa faceta frutal, juntando-se a abertura almiscarada, e a uma ponta de mel e rosas, criam um floral cremoso, de uma doçura controlada. Depois dessa fase, Senses parece voltar ao primeiro estágio, caracterizado por uma aura de aconchego. O benjoim e o patchuli são figuras comedidas, sendo a presença do último, dificilmente notada. Um ligeiro registro atalcado, devido provalmente a presença do cumaru (fava tonka), faz-se sentir ao fundo.

Eu já escutei comentários sobre uma possível similaridade com Coco Mademoiselle, de Chanel, e devo dizer que não vejo nenhum traço comum. Ok, ambas contam com o patchuli Indonésio entre as notas de base. Entretanto, o patchuli tem um caráter vivo, doce e proeminente em Coco Mademoiselle, enquanto em Senses é a pena discernível. Coco Mademoiselle e Hypnôse Senses são, a meu ver, duas fragrâncias completamente distintas.

O frasco foi inspirado na criação de Georges Delhomme para o perfume Magie, um clássico dos anos 50.

Criada por três perfumistas, Christine Nagel (Délices de Cartier), Ursula Wandel (B, de Boucheron) e Nathalie Feisthauer (Blonde, de Versace), essa eau-de-toilette imerge de um universo feminino, onde uma certa ternura intimista reina. A personalidade jovial da gentil Beth March, do romance Little Women, de Louisa May Alcott, reproduz-se nos eflúvios de Senses. Beth era dotada de uma alegria serena e tranquila, tal como o efeito final de Hypnôse Senses.

Anunciado como um floral-chypré, Senses foge a regra de poder olfativo que o qualificativo "chypre" confere. O efeito sillage é mínimo, e a fragrância permanece perto do corpo, como uma segunda pele. Se eu tivesse que resumir Senses em poucas palavras, diria: um leve floral almiscarado cremoso, com uma meiga faceta frutal - uma fragrância bem confeccionada, cujo único defeito foi o fraco poder de fixação, na minha pele.

Envolvente, suave e reconfortante, a nova criação de Lancôme baseia-se no conceito de singeleza e elegância contida, tendo as qualidades necessárias para cativar uma audiência jovem.


Ilustrações ~ à direita - Little Women - Meg, Jo, Beth e Amy
~ à esquerda - capa do livro Little Women, de Louisa May Alcott, coleção Signet Classics




3 de julho de 2009

Claudia Alencar


Bate-papo com Claudia Alencar


Claudia Alencar é na minha opinião, uma das figuras mais versáteis da dramaturgia brasileira. Atriz, poetisa, artista plástica, professora e escritora, essa paulista tem-nos encantado com seu talento desde a sua estréia na TV, em 1976 na novela "Canção para Isabel", divulgada pela extinta TV Tupi.

Com passagens pela Bandeirantes e SBT, foi na Globo que Claudia viveu a maior parte dos seus mais de 30 anos de carreira. Destacando-se em novelas como: "Roda de Fogo", "Fera Ferida", "Porto dos Milagres", além das minisséries "Hilda Furacão" e "O Quinto dos Infernos", essa maravilhosa atriz brilhou em cada uma de suas contribuições a emissora.

Em 2000, Claudia publicou seu segundo livro de poesias, "Sutil Felicidade", com 22 aquarelas de sua autoria. "Sutil Felicidade" é "fruto de um longo processo de meditação e busca do autoconhecimento", como ela diz. São poemas reveladores de uma significativa mudança em relação a seu livro de poemas anterior, Maga Néon, de 1988.

Em 2003, nossa artista multifacetada lançou sua coleção de jóias “A Poesia é de Ouro”, em parceria com a joalheira Lea Nigri. As peças representam seus poemas, traduzidos em forma de braceletes, colares, brincos e anéis, trabalhados em ouro branco, amarelo e pedras preciosas.

Sempre buscando a excelência do seu Ser, além do reconhecimento artístico, social e econômico, Claudia faz trabalhos solidários com arte em comunidades carentes, e participa de ações para ajudar o combate da Hanseníase no Brasil.

Ultimamente, todo o talento de Claudia Alencar pôde ser conferido em suas participações nas novelas "Prova de Amor", "Alta Estação" e "Os Mutantes", da Rede Record. Contabilizando mais de 26 novelas e minisséries, 23 peças de teatro e nove filmes, Claudia promete deleitar-nos com a sua arte por muitos anos a seguir.


Perfumes & Etc - Claudia, qual é a sua relação com os perfumes?
Claudia Alencar - O cheiro é uma das mais fortes sensações humanas, e nos remete a imagens inconscientes muito fortes. Estar cercada de bons odores, poder de repente andar na rua e sentir o perfume da dama da noite, é um dos nossos encontros com o Paraíso. Ir dormir com uma fragrância leve que remete ao bebê que fomos, ao bebê que já tivemos, é um sonífero potente. E ter um perfume próprio, quase único... Não é de meu feitio guardar segredos sobre a arte, saúde, beleza, cultura, técnicas, soluções, etc, mas não conto para ninguém qual é o meu perfume. Acho o cheiro uma das coisas mais pessoais do ser humano. Uso um perfume que há 10 anos encontrei e, que por não ser internacional e não ter uma veiculação nacional forte, é praticamente desconhecido, porém de uma delícia inigualável, que combina com minha personalidade : nem doce, nem cítrico, mas instigante. E às vezes misturo-o com alguma essência. Gosto de misturar perfumes. Why not ?


Perfumes & Etc - Quais as fragrâncias que fizeram história, ou seja, que marcaram momentos de sua vida?
Claudia Alencar - Atkinsons era o perfume de meu pai, que se encharcava com ele antes de ir trabalhar ou sair à noite com mamãe. Sinto tanto que não tenha mais, para que eu possa viajar num átimo para a minha infância...*
Anais Anais, com seu aroma quente e doce, foi meu companheiro por muitas noites de arte e amor, na década de 80.
L'Eau d'Issey, de Issey Miyake, acompanhou-me na década de 90. Aquele perfume aéreo, mas forte, deixava-me alegre. No entanto, depois que ele foi mais divulgado, eu o cheirava em outras pessoas e parei de usar. Caraca! Hoje em dia falo por décadas - rsrsrs. Lembro-me bem de quando tinha 13 anos - queria ser mais velha, para ter amigas de 10, 15 anos, como mamãe... Mas eu não tinha idade pra isso - kkkkk.
O Giovanna Baby também foi um dos meu grandes amores. Tão delicado, tão suave, me deixava assim... Como ele era. Eu ainda o compro esporadicamente, para colocar antes de dormir. Marilyn Monroe usava o Chanel n°5 para sentir-se mulher, mas eu adoro colocar cheiro de bebê para relembrar a minha total entrega ao mundo na hora de dormir.
J’Adore, com seu fogo, ajudava a sentir-me sensual. Eu comprei-o assim que foi lançado e adotei. Depois todos começaram a usa-lo. Porém, ninguém ainda descobriu o meu perfume atual. Eu presenteio minhas amigas que moram no exterior com ele. Compro muitos frascos e mando para elas. Faz um sucesso incrível, mas aqui no Brasil ainda me permito esse pequeno egoísmo.
Ah, e sempre Annick Goutal! Meu Deus, cada um é mais maravilhoso que o outro! Mas são muito caros! Eu gostaria de comprá-los com mais frequência, mas o preço quase proibitivo restringe as consumidoras.


Perfumes & Etc - Existe alguma relação entre as suas personagens e as fragrâncias que costuma usar? Fale-nos um pouco da relação personagem-perfume.
Claudia Alencar - Escolho perfumes para as minhas personagens sempre. Pobres ou ricas, engraçadas ou dramáticas, elas costumam ter um cheiro particular que as definem. Aí pesquiso muito, porque tem que ser um perfume que meus companheiros de cena gostem, pois sempre estamos "in love" com eles.

Perfumes & Etc - Como você poderia definir uma pessoa bem perfumada?
Claudia Alencar - Uma pessoa pura, limpa, tentadora, gostosa de se ter por perto. Alguém que acalenta por demais nossa existência, que nos diz que a vida é sonho, citando Calderón de la Barca.

Perfumes & Etc - Para finalizar, como você vê o futuro do circuito nacional de perfumaria - tanto em termos literários (blogs, livros), quanto no setor industrial?
Claudia Alencar - Vejo o mais radiante possível! Temos uma floresta, frutos, flores inigualáveis. Profissionais cada vez mais capacitados e uma criatividade que não se inibe com regras estabelecidas. Já temos grandes marcas que estão se expandindo no exterior e obtendo mais crédito dentro do país, acabando com o tabu que só «os perfumes estrangeiros são os melhores e tem melhor fixação». Veja por mim - Adoro um perfume nacional, que «exporto» para as minhas amigas que nunca sentiram uma fragrância igual, e o custo benefício é esplêndido! Uso de noite e de dia, sentindo-me única, porque ele consegue expressar parte da minha personalidade.



Sugestão de Leitura:

Sutil Felicidade
Autora: Claudia Alencar
Editora: Globo


*Nota - Após alguma pesquisa, redescobrimos o perfume do pai da Claudia, devidamente reformulado e em nova embalagem. A fragrância chama-se English Lavender, e é um dos clássicos de Atkinsons.


Clique nos links e relembre - Cenas de novelas, Entrevista com Jo Soares (primeira parte)



Ilustrações - Todas as ilustrações foram utilizadas com a autorização de Claudia Alencar. Reprodução proibida.



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