16 de dezembro de 2008

Bois d'Iris



The Different Company - Bois d'Iris


Jean-Claude Ellena, criador de Bois d'Iris, conseguiu a proeza de elaborar uma das mais belas interpretações da flor, atualmente comercializadas. Partindo do princípio de que a íris é uma das flores mais difíceis de serem trabalhadas, Monsieur Ellena venceu o desafio de captar toda a delicadeza e majestade da mesma, equilibrando o lado metálico.

A abertura lembra-me muito a também bela Iris Silver Mist, de Lutens (para o Palais Royal Shiseido). Porém, as comparações morrem nesse ponto. Enquanto Iris Silver Mist emerge numa nota metálica, criando uma aura de frieza distante, Bois d'Iris se eleva a um nível mais terrestre e material.

A aromática e etérea Iris Pallida tem seu frescor acentuado pela presença do vetiver e da bergamota. As notas de narciso e gerânio acrescentam uma certa doçura ao conjunto, enquanto a junção do almíscar contribui para o lado ligeiramente atalcado. O toque final vem da madeira de cedro, que fecha a sinfonia, impondo um caráter mais quente e pessoal.

Eu não sei qual, ou quem, foi a inspiração para esse maravilhoso perfume. Porém, Jean-Claude Ellena criou o equivalente olfativo à divina Sarah Bernhardt, com todos os seus contrastes. Etérea e terrestre; distante, mas acessível; majestosa e, no entanto, profundamente humana.

A mensagem passada pelo perfume é "Eu sou reservada, poética e misteriosa. Porém, vença a frieza inicial e você descobrirá alguém repleto de sensibilidade". E quem poderia resistir a um tal convite?


Ilustração à direita - Sarah Bernhardt - fotografia de 1864, de Gaspard Félix Tournachon (dito Nadar)



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