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29 de setembro de 2009

Parisienne


Parisienne


Anúncios de lançamentos futuros sempre despertam a minha curiosidade. Alguns criam um verdadeiro suspense, seja pela proposta singular ou pela reputação de seu criador. Outros são ansiosamente esperados apenas pela novidade que antecipam. Parisienne situava-se nas duas categorias.

Desenvolvida por Sophie Labbé, em colaboração com Sophia Grojsman, autora de Paris, a nova fragrância de Yves Saint Laurent prometia um toque de diversidade ao ambiente banal da perfumaria atual. O nome, Parisienne, parecia sugerir uma variação do sucesso de Madame Grojsman, idéia reforçada pelo formato do frasco e centralização da fragrância em torno do duo rosa-violeta. Acostumada com as declinações para a primavera (Jardins Romantiques, Pont des Amours, Roses de Bois...), eu esperava uma adaptação modernizada e outonal, devido a data de lançamento no Hemisfério Norte.

A toda grande idealização segue-se uma enorme decepção, o que foi o caso com Parisienne. Ao invés da esperada alquimia de rosas e violetas, fui surpreendida por uma abertura frutal, aonde amoras e uvas-do-monte mesclavam-se a um toque delicado de peônias. A junção de frutas vermelhas a um acordo floral fresco lembrou-me imediatamente outra fragrância da marca, Baby Doll. Porém, enquanto Baby Doll aprofunda-se no aspecto frutal/fresco, Parisienne tenta mostrar-se mais adulto, integrando notas de couro e patchuli. A rosa damascena e a violeta fazem-se timidamente sentir, sendo, entretanto, subjugadas pelo caráter doce da abertura, que mantem-se firme até o fim. A suavidade proporcionada pela peônia é perdida em prol do sândalo, e o conjunto passa de frutal/fresco a frutal/pungente.

A confusa campanha publicitária mostra a very British Kate Moss, exageradamente maquiada e vestida de secretária Nova Yorkina em dia de festa, procurando evocar a imagem de uma parisiense (de nascimento ou espírito). De certa forma, a imagem divulgada corresponde exatamente à fragrância. Em ambos os casos, exemplos perfeitos de direcionamento oposto à realidade.

John Christian Bovee costumava dizer que desilusões são tão necessárias à felicidade, quanto a realidade em si*. Pensando assim, a esperança de um futuro venturoso para o setor de perfumaria da maison Yves Saint Laurent resta intacta.




* Citação - "No man is happy without a delusion of some kind. Delusions are as necessary to our happiness as realities." John Christian Bovee

Ilustrações ~ à direita - imagem da campanha publicitária de Parisienne, com Kate Moss
~ à esquerda - capa do livro "Comment devenir une vraie Parisienne » (Como tornar-se uma verdadeira parisiense), de Hélène e Irène Lurçat - Éditions Parigramme





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