
Germaine Cellier (1909-1976) foi um dos primeiros perfumistas do sexo feminino a serem reconhecidos mundialmente. Criadora de Bandit (1944), também confeccionado para a maison Robert Piguet, além de Vent Vert (1947) e Jolie Madame (1953), ambos para Balmain, Madame Celier foi conhecida pelas ousadas associações de odores, e suas fórmulas curtas e concisas. O encontro de Cellier com Piguet foi definitivo para a perfumaria, tanto por sua primeira contribuição para a marca, Bandit, quanto por Fracas.
O conceito do perfume roda em torno da doce e persistente Tuberosa. As notas de jasmim, gardênia e neroli só fazem acentuar o forte caráter da flor, grande estrela do perfume. O resultado final é um odor de Tuberosa, reinando soberana com um toque de jacinto, e a curiosa e improvável nota de junquilho, num fundo de vetiver, almíscar e sândalo.

Fragrância audaciosa, que reflete tão bem a personalidade criativa de sua autora, Fracas é, na minha opinião, a referência absoluta em matéria de Tuberosa. Sendo o tipo de perfume que requer uma certa personalidade (ou humor) por parte da pessoa que o usa, Fracas pode ser forte e difícil . Eu recomendaria o uso em pequenas doses, e com a prudência necessária para não ofender os olfatos mais sensíveis. O poder de fixação é maravilhoso, e o efeito "sillage" (rastro de perfume que paira no ar), garantido.
Dizem que a fragrância foi inspirada pela icônica representação de Rita Hayworth em Gilda. Verdade ou lenda, o fato é que Fracas faz-me pensar em luxuria, em luvas longas e fortunas sendo apostadas num cassino. Faz-me pensar que nunca houve uma mulher como Gilda*... ou um perfume como Fracas.
*Citação - "There never was a woman like Gilda" (frase de publicidade do filme Gilda)
Ilustrações - à direita -Rita Hayworth numa cena do filme Gilda, de 1946
-à esquerda - poster de Gilda
