2 de janeiro de 2009

Heliotrope

Etro - Heliotrope


Diz a lenda que Orchamus, rei da Babilônia e das províncias da Achemenia, tinha duas filhas, a romântica Clytie e a deslumbrante Leukothoe.
Clytie tomou-se de amores pelo deus do sol, Hélios (citado também como Apolo), que, momentaneamente retribuiu os sentimentos da jovem. Porém, apos algum tempo, Hélios sucumbiu à beleza de Leukothoe, e apaixonou-se pela bela princesa.

Clytie, louca de ciúme e tristeza, contou a Orchamus sobre os embates amorosos de sua irmã e Hélios. O poderoso rei da Babilônia, sentindo-se desonrado, ordenou que a pobre Leukothoe fosse queimada viva, sentença que foi executada imediatamente. Clytie, tomada pelo remorso, refugiou-se na floresta por nove dias, fazendo nada mais do que acompanhar a trajetória solar, e finalmente transformou-se em heliotrópio, a flor da devoção, que tem a face sempre voltada para o sol, e um odor ligeiramente abaunilhado.

Heliotrope, da marca Italiana Etro, capta a doçura do heliotrópio, sendo muito mais alegre que a lenda. O odor inicial lembra fortemente uma mistura de amêndoas a um toque de cerejas, num fundo levemente atalcado. O conjunto assemelha-se ao odor do marzipã, e a personalidade da fragrância é divertida, e, ao menos no meu caso, transmite um certo clima de felicidade gourmande.

As notas oficiais dessa colônia lançada em 1989, são: flor-de-laranjeira, bergamota, petigrain (abertura), íris, jasmim, heliotrópio , ylang-ylang e rosas (corpo), numa base de bálsamos tolu e do Peru, cumaru (tonka bean), almíscar e baunilha. Apesar do vasto leque de componentes, eu não consigo sentir nada além de amêndoas, heliotrópio, baunilha e um pouco de almíscar no fundo.

Heliotrope traduz perfeitamente a mistura entre a personalidade solar e exuberante de Hélios, nas notas amendoadas, e o romantismo cotemplativo e intimista de Clytie, no fundo almiscarado. Eu nunca entendi como uma flor poeticamente alegre, como o heliotrópio, é ligada a uma lenda tão triste como a de Clytie. Talvez a explicação venha do fato de que a bela princesa tenha finalmente encontrado a felicidade, ao acompanhar diariamente a trajetória do seu amado deus do Sol, e ter inspirado uma fragrância como Heliotrope, de Etro.


PS - Algumas versões da lenda apontam Clytie como uma ninfa marinha, filha de Oceanus e Thetys, e indicam o girasol, e não o heliotrópio, como produto de sua transformação.


Ilustrações - primeira à direita - Clytie ( 1895-1896), de Frederick Leighton
~ à esquerda - "Clytie changée en tournesol par Apollon" (1688), de Charles La Fosse (1636 - 1716)

~segunda à direita - heliotrópio flor


5 comentários:

Anônimo disse...

Fascinante história!Parabéns!!!!!!

Anônimo disse...

parabéns pelo pefumado blog, eu simplesmente ameiii. Olha meu anjo, vim do clique amizade conhecer seu blog parabéns.Convido vc para levar um pouco do seu perfume ao meu site, venha conhecer meu anjo e, tem novidades na sala de concursos, faça sua inscrição e vamos nos divertir muito. t espero ok? bjs de mel

Gaëlle disse...

Queridas Erica e Mel,

Obrigada pela visita e pelo carinho. Bom demais ver vocês aqui!
Mel - O teu blog é uma gracinha! Vou virar frequentadora assídua :0)

Mil beijos,


Gaëlle.

Monique Larentis disse...

legal a lenda, interesante.
obrigado pela visita e volte sempre no meu bloguinho :)

Gaëlle disse...

Oi Monique!!

Que bom te ver por aqui!! Obrigada a você, pela visita!

Um grande a forte abraço,


Gaëlle.

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