16 de março de 2009

Coeur d'été


Coeur d'été


O verão está quase dizendo adeus ao Hemisfério Sul, que prepara-se para a entrada do outono, enquanto o Hemisfério Norte anda ansioso por acolher a primavera. Sendo assim, eu escolhi o perfume perfeito para esse período de transição. Leve o suficiente para o iminente fim de verão ao sul, e suave e intimista para receber devidamente a primavera, ao norte.

Coeur d'été foi criado durante os primeiros estágios de gravidez de Lyn Harris, que então não podia suportar os aromas fortes e invasivos. Lançada em 2006, essa eau-de-parfum, consta na minha lista de produtos prediletos de Miller Harris.

As notas oficiais de abertura são: grãos de cacau, alcaçuz, limão, pamplemousse e tangerina. O coração é composto de banana, pêra branca, lilás e cássia, num fundo de heliotrópio, sândalo, benjoim, baunilha e almíscar. Lendo o descritivo das notas, tem-se a impressão de que os componentes de Coeur d'éte são o resultado de algum desejo louco e incoerente de mulher grávida. No entanto, para grande surpresa, o resultado é extremamente harmônico e envolvente.

As notas mais sentidas na abertura são as cítricas, ou seja, o limão, a tangerina, e a pamplemousse. Alguns segundos após , a pêra pode ser detectada, quase imediatamente seguida pela grande estrela da fragrância, o lilás. Uma leve nota doce e "quente" faz sua aparição, e constatei que a nota, a princípio
indeterminada, nada mais era do que a banana. Entretanto, a banana foi tão belamente centrada, que não imprime o caráter tropical da fruta, impondo somente um certo calor, e servindo de elemento de harmonia. Conclusão: a banana aqui não cheira a banana (rsrsrs), e é seguida pelo heliotrópio por uns dez minutos apenas.

Confesso que fui incapaz de sentir as notas de grãos de cacao, e, se tivesse que resumir a descrição da fragrância em algumas palavras, diria: uma bela composição de lilás, acolhedora e convidativa.

Coeur d'été é muito mais alegre que outros lilases, igualmente belos, porém mais "frios", como En Passant (Olivia Giacobetti para Editions de Parfums Frédéric Malle), ou o descontinuado Sha (de Alfred Sung), sendo perfeitamente adequado para as mais diversas ocasiões. O poder de fixação foi de 5 horas, na minha pele, e o efeito sillage é de curta distância (a fragrância fica perto de quem a porta), não invadindo o espaço alheio.

Meus parabéns a Lyn Harris, que provou que a gravidez pode gerar beleza, tanto no aspecto humano, como no lado perfumístico!


Ilustrações ~ à direita - "Wheatstacks (End of Summer)" (1890-1891), de Claude Monet
~ à esquerda - "Pregnant Birth Goddess" (2003), de Barbara Getrost



2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Gaelle.Parece delicioso, suave e aconchegante como devem ser os perfumes das futuras mamães. Ainda não conheço e pensando no grão de cacau ...talvez não seja doce como o chocolate que gera,mas revele um travinho amargo para contrabalançar a intensidade das frutas.Imaginaria assim para não comprometer o olfato sensível na gestação-período difícil em relação aos aromas com os sentidos completamente aguçados...
Beijocas flor .Elisabeth

Gaëlle disse...

Oi linda!

Pensei também na alternativa de um toque amargo, graças aos grãos de cacau, porém meu nariz não conseguiu capta-lo. Uma possibilidade é que ele esteja tão bem mesclado a pamplemousse, que seja apenas uma nota harmônica, de ligação - envolvendo-se no contexto geral. Outra possibilidade (bem provável) é que meu nariz esteja ficando caduco - rsrsrs

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