11 de agosto de 2009

Lili Bermuda


Lili Bermuda / Bermuda Perfumery


As Bermudas são um local mágico, aonde lendas integram-se a paisagem, banhadas pela música das ondas do oceano Atlântico. Descoberto em 1503, pelo explorador espanhol Juan de Bermúdez, o território das Bermudas é composto de 138 ilhas, e considerado o mais antigo e populoso domínio Britânico. Pouco após o descobrimento, navios espanhóis e portugueses costumavam fazer paradas, a fim de acumular provisões de água e alimentos.

Em 1609, uma frota inglesa sob o comando do Almirante Sir George Somers viajava em direção a Jamestown. Atingida por uma tempestade de 3 dias, a frota foi destruída e o navio principal, o Sea Venture, acabou chegando às Bermudas, deixando os sobreviventes em possessão do novo território, reivindicado posteriormente pela coroa inglesa. Em 1610, a maioria dos sobreviventes do desastre marítimo continuaram a viagem a Jamestown a bordo de dois navios recém-construídos, o Patience e o Deliverance. Entre eles, John Rolfe, que deixou sua filha enterrada nas Bermudas. Tragicamente, sua esposa faleceu pouco depois da chegada a Jamestown. John Rolfe ficou famoso por seu segundo casamento, com a princesa indígena Pocahontas (Matoaka Powhatan). Acredita-se que a história do Sea Venture tenha inspirado a obra de Shakespeare, "The Tempest" (A Tempestade).

Conhecida como the "Isle of Devils", St. George foi estabelecida em 1612 como primeira capital. E é neste cenário bucólico, que instalou-se uma charmosa perfumaria. Em 1929, William Blackburn Smith uniu-se a sua filha, Madeline Scott, para criar Bermuda Perfumery & Gardens. Na época, as Bermudas eram um dos maiores exportadores de bulbos do lírio de Bermuda, sendo as flores jogadas ao mar. William e Madeline consideraram aproveitá-las, usando-as para a criação de um perfume, e, para tal, fizeram apelo a um profissional de Grasse (França). Nasce a primeira fragrância da marca, Easter Lily.

As Bermudas tornaram-se uma destinação popular entre abastados turistas americanos, canadenses e britânicos, e, mesmo durante a Segunda Grande Guerra, o território continuou a prosperar, servindo de instalação de bases militares americanas. Com o final da guerra, o turismo floresceu e a pequena perfumaria tornou-se atração. A plantação particular de Bermuda Perfumery & Gardens começou a fornecer lírios de Bermuda para a rainha-mãe, além de enfeitar a igreja Holy Trinity nas sextas-feiras santas, fazendo parte do folclore local.

Em 2004, a família Brackstone adquiriu Bermuda Perfumery, mudando-a para o histórico Stewart Hall, no coração de St. George, patrimônio mundial da UNESCO. David Botello, perfumista da firma há 43 anos, assegura-se da preservação das tradições na manufatura das fragrâncias. Perfumes de qualidade desenvolvidos entre a mágica e o mistério das Bermudas, com suas longas praias de areia cor-de-rosa, estórias de fantasmas e naufrágios. Como resistir?






Ilustrações ~ à direita - “The Wreck of The Sea Venture in Bermuda” de Christopher M. Grimes
~ à esquerda - Bermuda Perfumery. Crédito: Jennifer - travbuddy.com



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5 comentários:

BCas disse...

Como ? Simples minha querida .. não resistir.
Que narrativa encantadora Gaelle !
Amei, e quero um perfume das folhas de lírios jogadas ao mar.
Este venerável senhor, e sua filha tinham alma de biólogo que independente da formação é quem ama a Natureza e se dói com a destruição desnecessária. Ambos lindos. Só poderiam ter feito perfumes.Beijocas. Betty

Gaëlle disse...

Oi Betty!

Estou tão feliz que tenhas gostado!
Eu adoro descobrir perfumarias em lugares mágicos, longínquos...Lembra de Lostmarc'h? Tenho a impressão de viajar,cada vez que escrevo sobre tais marcas.
Agora foi a vez das Bermudas. Deleitei-me ao entrar na história do lugar, e de Bermuda Perfumery & Gardens.

Beijinhos mil!

Vanja disse...

Oi, Gaëlle, tudo bem? Espero que sim, que tudo esteja bem com você.
Finalmente posso te dizer o que achei do Douce Amère: Gostei muito dele.
Recebi de um amigo, que mora em Londres, mais cinco amostras do Serge Lutens: Clair de Musc, Sa Majesté La Rose, Arabie, Louve e Un Bois Vanille (gostei muito desse). Gosto muito de baunilha, embora eu seja eclética para perfumes. Gostei de conhecer esse universo.
Comprei no site FragranceNet, que você me indicou, o perfume Feminité du Bois, que eu sempre estava tentando encontrar. É o eau de parfum com maior fixação e sillage que eu já experimentei.
Agora, interessante, às vezes, procuro nos blogs especializados uma review sobre um dos meus perfumes favoritos (24, Faubourg) e não encontro. Talvez seja porque ele não agrade a todos os narizes, mas em minha pele ele fica muito bom. Tanto o EDT como o EDP, que têm praticamente a mesma identidade quanto ao cheiro. Outro de que gosto muito, e é um dos meus favoritos para o dia a dia, é o Ma Dame, de Gaultier. Acho-o um perfume limpo e, ao mesmo tempo, confortável e divertido. Gosto, também, do Acqua di Parma Colônia, do Iris Nobile, do Narciso Rodriguez For Her EDP, do Eau de Star, de Thierry Mugler. Para minha própria surpresa, comprei novamente o Trouble, que achei que não compraria mais: é difícil achar um perfume com uma baunilha como a dele. Já havia comprado outros, também, para experimentar: Euphoria (muito bom), Miss Boucheron, Prada EDP, Hiris da Hermès, Quelque Fleurs, Joy (gostei), Sublime, Chanel nº 5 Eau Première (gostei), Chanel nº 5 EDT (gostei), Amor Amor EDT (leve e confortável), L’Eau d’Hadrien masculino, Petite Chérie EDT, Diorissimo, Dior Addict Shine (gostoso, confortável), Eau du Soir, Angel, Be Delicious e outros. Também ganhei muitas miniaturas e, assim, vou conhecendo esse maravilhoso universo dos perfumes, que, para mim, são um bálsamo para a alma.
Escrevi só sobre os perfumes importados, porque estou querendo conhecer exatamente esse universo, mesmo os mais simples. Já conheço muitos perfumes nacionais.
Ufa! Não sei se você teve tempo ou paciência para ler até aqui, mas é que, às vezes, eu sou prolixa, desculpe-me.
Eu gostaria de um dia ler uma review do 24, Faubourg, tanto do EDT quanto do EDP, e até uma comparação entre os dois, pelo menos de alguém que goste deles, mas acho mesmo que é um perfume que não agrada a muitos narizes.
Finalmente, quero te agradecer muito pelas indicações, tanto dos perfumes do Serge Lutens como do site FragranceNet.
Espero que você continue escrevendo em seu blog, para que possamos ir conhecendo esse universo.
Um grande abraço e tudo de bom.
Beijos,

Vanja

Gaëlle disse...

Oi Vanja!


Que prazer vê-la por aqui!
Estou feliz que você tenha gostado do Douce Amère e experimentado outras fragrâncias de Lutens! Se quiser ousar mais um pouco, o Chergui é uma boa opção. Especiarias, um pouco de tabaco, baunilha, mel e âmbar (citando somente as notas principais). Uma fragrância doce, mas cheia de personalidade.

Então você conseguiu testar o Quelques Fleurs? O que achou? Se gostou, darei uma dica: tente conhecer o Jivago 24k, de Ilana Jivago (você poderá encontrá-lo nos sites de venda online). Ele é muito parecido com o Quelques Fleurs. A versão EDT tem um excelente poder de fixação, de forma que vale a pena apostar nela.

Ah, o 24 Faubourg... Esse foi o perfume de uma das mulheres mais elegantes que conheci, e eu sempre associei o aroma a classe e sofisticação. Tentei usa-lo, sem sucesso. Na minha pele o patchuli ressaltou, e o resultado não foi o mesmo. Porém, adoro senti-lo em outras pessoas. Escreverei em breve uma resenha. Dedicada a você, claro!

Mil beijinhos,


Gaëlle.

Vanja disse...

Oi, Gaëlle, tudo bem?
Que bom que posso ter a esperança de um dia ver uma resenha sobre o 24, Faubourg. Eu adoraria ler sobre ele em seu blog. Obrigada por tanta gentileza. Sempre associo o amor aos perfumes (e não apenas o uso deles) às pessoas de alma gentil.
Esqueci-me de dizer-lhe que achei o Feminité du Bois um perfume muito bem criado, bem estruturado. Em mim, ficou praticamente o cheiro do cedro. Ele é marcante, exótico mesmo. Fiquei feliz em saber que em sua pele o resultado tenha sido muito bom. Você disse que ele é um marco na perfumaria mundial, por causa da madeira. Bem, eu gostei do 24 Faubourg exatamente por isso. Em minha pele ele fica muito bom porque, acho, o musgo de carvalho contrabalança a baunilha, que é um dos meus cheiros favoritos. Ele é um dos perfumes cujo nome as pessoas me perguntam.
Quanto ao Quelques Fleurs, ele é um perfume de que gostei, também. No início, eu ficava intrigada com aquele cheiro mais forte (que, depois, identifiquei como sendo o de tabaco, lendo a sua review). Mas é aguardar um pouco, porque, logo em seguida, ele se acomoda na pele e fica realmente muito bom. E tem uma ótima fixação. Quando o uso, noto que as pessoas prestam atenção nele.
Experimentarei o Jivago 24K EDT, que você me recomendou. É uma coincidência você me indicar esse perfume: Eu ficava prestando atenção nele nos sites de venda, exatamente por conter o número 24 em seu nome. O EDT é parecido com o EDP?
E, finalmente, Gaëlle, quanto ao Chergui, pela sua descrição, vou experimentá-lo e, depois, te conto o que achei dele. Muito obrigada, mais uma vez.
Um beijo e tenha um ótimo fim de semana!

Vanja

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