27 de fevereiro de 2009

Shiloh


Hors Là Monde - Shiloh


Shiloh foi um perfume desenvolvido durante anos de pesquisa, que resultaram na verdadeira introdução da joalheria Hors Là Monde no mundo da perfumaria, em 2007.

A fragrância foi criada pelo talentoso Michel Roudnitska, elaborador da linha de perfumes DelRae, bem como de Noir Epices, de Frédéric Malle, em colaboração com Symine Salimpour, proprietária de Hors Là Monde. Roudnitska é mestre na arte de equilibrar luminosidade e mistério, e sua assinatura está bem presente em Shiloh.

Uma nota herbácea, ligada aos aromas da bergamota e do limão caracteriza a abertura, porém a efusão herbácea dura pouco tempo. As notas amadeiradas chegam ao mesmo tempo em que o patchuli e o incenso, trazendo uma aura de mistério, e um certo caráter masculino. A rosa damascena aparece logo após, contribuindo com a suavidade, e servindo de elemento de harmonia entre a fase do meio, mais obscura, e a harmonia que se segue. A entrada da baunilha, em conjunto com o almíscar e o sândalo, aquece a fragrância e proporciona uma sensação de conforto e aconchego. Trinta minutos cronometrados foi o tempo entre o desenrolar da fase inicial ao resultado final, na minha pele. E confesso que, de todas as etapas, a estrutura final, cujo tempo de permanência foi de 6 horas, é a que mais me agrada.

Essa eau-de-parfum é classificada como Oriental-Amadeirada, e a proposta é o equilíbrio entre a força e a suavidade. Apesar de parecer ser dirigida ao público feminino, eu a visualizo como unissex, e creio que poderia ser portada maravilhosamente por um homem. Todas as fases de desenvolvimento aromático da fragrância condizem igualmente com o uso masculino.

Ao mesmo tempo, Shiloh retrata de maneira magistral uma determinada atitude feminina, que lembra-me de Katharine Hepburn. Uma junção de classe, forte personalidade, determinação, e um toque de androgenia. Faz-me pensar na independente e vívida Katharine Hepburn, em 1942, época do filme « Woman of the Year », quando ela encontrou - e encantou - Spencer Tracy. Uma mulher dinâmica, que declarava nunca deixar de ter em mente que o simples fato de existir já era divertido*. Como resistir a um tal magnetismo?





*Citação de Katharine Hepburn - "I never lose sight of the fact that just being is fun"

Ilustrações ~ à direita - Katharine Hepburn
~ à esquerda - Spencer Tracy e Katharine Hepburn - cena do filme "Woman of the Year", de 1942.




26 de fevereiro de 2009

Miller Harris

Miller Harris


Lyn Harris é uma jovem e encantadora Inglesa, considerada como uma das mais conhecidas perfumistas independentes Britânicas. Com lojas no Reino Unido, e pontos de venda na Europa e no Japão, a marca Miller Harris se impõe como sinônimo de qualidade.

O senso olfativo de Lyn foi desenvolvido desde a infância, quando costumava passar as férias escolares com seus avós, na Escócia. Sua avó era uma emérita cozinheira, e dedicada à jardinagem. Os odores dos quitutes, bem como os aromas das flores do jardim, foram elementos estimulantes, e criaram a base da capacidade criativa da pequena Lyn.

Em 1992, Lyn muda-se para Paris, a fim de estudar a arte da perfumaria, na famosa escola "Le Cinquième Sens". Em 1994, nossa heroína parte para Grasse, completando sua formação na secular usina Robertet. Durante seu estágio, e sob a tutela do mestre perfumista Richard Melchio, um leque de conhecimento abriu-se à Miss Harris, que familiarisou-se com alguns materiais raros que atualmente fazem parte de sua gama de ingredientes. Voltando a Londres, como nez profissional, Lyn funda em 2000, sua própria linha, Miller Harris, batizada com o nome de seu pai.

Segundo um artigo do jornal quotidiano "The Independent", seus aromas prediletos são: o cheiro do sabão em pó francês; o odor dos países estrangeiros, captado no exato momento em que saímos do avião; e os eflúvios vindos da terra molhada, logo após a chuva.

Muitas de suas criações são baseadas em experiências próprias, como Terre d'Iris, inspirado num verão passado em San Reno; Coeur d'été, criado durante sua gravidez, quando impunha-se a necessidade de um aroma suave e delicado; Vetiver Bourbon, rendendo homenagem a uma determinada espécie de vetiver, que cresce aos pés das montanhas da Ilha da Reunião; ou ainda Encens de Bois, cujo tema foi uma viagem à cidade de Kyoto, no Japão.

A filosofia de Miller Harris é a elaboraração de uma biblioteca aromática, onde o cliente não é direcionado a escolher uma determinada criação, e usá-la exclusivamente. Cada fragrância da marca representa diferentes humores, momentos e estações. Impossível resistir!


Curiosidade - Em colaboração com o especialista em chá Timothy d’Offay, filho do galerista Britânico Anthony d’Offay, e proprietário da charmosa tea house "Postcard Tea", Lyn Harris criou a sua própria coleção de chás aromáticos. Algumas das essências prediletas de Miss Harris foram utilizadas na elaboração dos chás, que, como os perfumes da linha, são estruturados com notas de abertura, coração e fundo. Os clientes podem degustá-los no interior da loja da Bruton Street, n° 21, em Londres.


Ilustrações ~ à direita - Lyn Harris
~ à esquerda - algumas fragrâncias da marca
~ segunda à direita - Chás Miller Harris




Eaux de Fleurs - Kenzo


Eaux de Fleurs - Kenzo


Em 2008, Kenzo resolveu lançar 3 Águas de Flores – suaves eaux-de-toilette que evocam a delicadeza das flores encontradas no Japão. As Eaux de Fleurs foram lançadas em formato 50ml, e declinadas em três aromas : Seda (Eau de Fleur de Soie), Magnólia (Eau de Fleur de Magnolia) e Chá (Eau de Fleur de Thé).

A proposta inicial de Kenzo é de enriquecer a coleção, adicionando um novo aroma a cada ano, seguindo um pouco o conceito de Marc Jacobs e seus splashs de 300ml, renovados parcialmente a cada nova estação. As fragrâncias atuais são, portanto, edições limitadas.


Eau de Fleur de Magnolia – Francis Kurkdjian, co-autor de uma das minhas fragrâncias prediletas (Iris Nobile, de Acqua di Parma), também foi o criador da minha favorita na coleção atual de Kenzo. A abertura é cítrica, com algumas notas de chá verde, temperadas pela suavidade da magnólia. A sensação final é uma espécie de aconchego/fresco (se isso faz sentido). O resultado é um floral leve, com um ligeiro odor de sabonete em barra Roger et Gallet.

Eau de Fleur de Thé – Confesso que esperava algo mais interessante da parte de Aurélien Guichard, o nez criador de Chinatown, de Bond n°9. Tente misturar a Eau Parfumée Au Thé Blanc, de Bulgari com a água-de-colônia Fraîcheur végétale Bambou (Frescor vegetal do bambu), de Yves Rocher, e você terá algo muito parecido com Eau de Fleur de Thé. Refrescante, mas não original.

Eau De Fleur de Soie – Tenho que admitir que não pensei em seda, nem no conforto que tal odor proporciona, quando testei Eau de Fleur de Soie, de Jean-Jacques (criador de L’Or de Torrente). Lírios e peônias foram as flores que pude sentir na fragrância, e relacionei-a imediatamente à Stella in Two Peony, de Stella McCartney , que poderia passar por uma « prima » de Eau de Fleur de Soie - um floral com um delicado toque frutal e luminoso.


Livros para quem gosta de arte japonesa:
- "Japanese Paintings in the Ashmolean Museum", de Janice Katz
- "Japanese Art", de Joan Stanley-Baker




Ilustrações ~ ao alto - Three Women Playing Musical Instruments, de Katsushika Oi (entre 1818 e 1854)
~ primeira à direita - Eau de Fleur de Magnolia
~ primeira à esquerda - Eau de Fleur de Thé
~ segundo à direita - Eau de Fleur de Soie




23 de fevereiro de 2009

Livros



Livros, Livros e mais Livros




Reviews


- Perfumes, the Guide - Luca Turin e Tania Sanchez
Nós já falamos de Perfumes, the Guide anteriormente, mas voltamos a citá-lo como leitura sugerida a qualquer entusiasta pelo assunto.

- Fabulous Fragrances: How to Select Your Perfume Wardrobe-The Women's Guide to Prestige Perfumes - Jan Moran
Descrições detalhadas de muitos perfumes (em torno de 300). Bom para aqueles que querem uma idéia da classificação de seu perfume favorito, aqueles que estão procurando um novo, e aqueles que apenas apreciam ler as descrições das fragrâncias.

- Fabulous Fragrances II: A Guide to Prestige Perfumes for Women and Men - Jan Moran
Um inventário de mais de 700 fragrâncias para mulheres e homens. Ponto fraco - algumas das descrições das fragrâncias da edição anterior não foram alteradas na edição atual.



Enciclopédia


- Fragrances of the World - edição 2009 - Michael Edwards
A edição de 2008 listava 5.700 fragrâncias, classificadas por famílias olfativas. A edição de 2009 cita mais de 6.500 fragrâncias. Fragrances of the World é considerada uma verdadeira enciclopédia, e a nova edição pode ser vista (e adquirida) no website de Michael Edwards.



Um Pouco de História



- A Scented Palace: The Secret History of Marie Antoinette's Perfumer - Elisabeth de Feydeau
Feydeau, mestre perfumista da escola de Versailles, pesquisou a vida de Jean-Louis Fargeon, o perfumista e grande protegido de Marie Antoinette, nascido em Montpellier, em 1748. No livro, Feydeau conta a história do próprio Fargeon, e narra a triste trajetória de Antoinette, partilhando os segredos fascinantes da corte, e a beleza do século XVIII.

- The Art of Perfumery - G.W. Septimus Piesse
Re-publicação de um livro antigo de 1857. Com instruções para a manufatura de perfumes para lenços, pós e vinagres aromatizados, dentifrícios, pomadas, cosméticos, sabões perfumados, etc. Com um apêndice nas cores das flores, das essências de frutas artificiais. Inclui centenas de receitas (poderia também ser citado na parte de Perfumaria Natural).
Leia gratuitamente

- Perfume: Joy, Scandal, Sin - a Cultural History of Fragrance from 1750 to the Present - Richard Stamelman e Jacques Polge, com fotografias de Michael Freeman
O livro transporta os leitores à França dos séculos XVIII, XIX e XX, começando com o amor de Napoleão por perfumes e a importância erótica que o pequeno Imperador dava às fragrâncias. O livro também cita todo o simbolismo dos perfumes nos séculos XVIII e XIX, na Europa, até o início do século XX, quando as mais luxuosas indústrias foram reconhecidas, e fragrâncias como Chanel no. 5, Shalimar, Arpège e Joy, grandemente apreciadas, foram lançadas.

- The Book of Perfume - Elisabeth Barille and Catherine Laroze
Perfume - A palavra evoca um mundo da sensualidade. O Livro do Perfume (ou "The Book of Perfume") detalha a história, a criação e a seleção de fragrâncias, fornecendo um guia completo a esse elemento fundamental da mística feminina, o perfume. Os capítulos seguem as tradições aromáticas, dos attars de Cleópatra ao Chanel n° 5 de Marilyn Monroe. (poderia também estar na parte "Informativos").

- Perfume, a Global History: From the Origins to Today - Marie-Christine Grasse
História mundial do perfume, das épocas antigas aos tempos modernos, caracterizando ensaios de vários especialistas em épocas antigas da Europa, do Médio Oriente, das Américas, Africa e da Ásia; incluindo a Idade Média, perfumes no Oriente muçulmano, fragrâncias da China medieval, perfumes europeus do século XVIII e muito, muito mais.

- Perfume Legends: French Feminine Fragrances - Michael Edwards
Este é um livro fascinante para qualquer apaixonado pelo assunto. Traçando todos os grandes perfumes desde o lançamento de Jicky, de Guerlain, em 1889, a Angel, de Mugler, em 1992, o livro narra a história de algumas das mais famosas fragrâncias.



Informativos




- Introduction to Perfumery - Tony Curtis, David G. Williams
Esta obra fornecerá aos profissionais e interessados toda a informação necessária sobre a perfumaria, incluindo o processo criativo, a tecnologia da fragrância, as tendências do mercado e subtilidades do negócio.

- Perfumery: Practice and Principles - Robert R. Calkin
Um texto/referência a respeito da estrutura e da função dos componentes usados no desenvolvimento dos perfumes. O livro aborda diversas técnicas analíticas, bem como a estética e as etapas do desenvolvimento do perfume. Também fala sobre a distribuição, as exigências dos países e dos clientes relacionadas à segurança e qualidade dos produtos, e o impacto ambiental dos materiais e das impurezas que afetam o trabalho do perfumista.

- Perfume: The Ultimate Guide to the World's Finest Fragrances - Michael Edwards
Um diretório de A a Z de mais de 70 maisons, incluindo Chanel, Givenchy, Fabergé e Calvin Klein. Aprenda sobre a história do perfume, de suas origens em épocas antigas às tendências, aos designers, perfumistas e personalidades que dominam hoje. Este guia inclui igualmente uma descrição detalhada dos ingredientes, dos projetos do frasco, e de vários processos de manufactura.

- The Essence of Perfume - Roja Dove
"The Essence of Perfume" é o primeiro livro do mundialmente conhecido "Professor de Perfumes", Roja Dove, e é uma obra cativante e informativa. Começando com um exame detalhado do sentido do olfato e dos materiais do mestre perfumista, passando pela essência do perfume. Comemorando os grandes clássicos, bem como os fabricantes que os trouxeram à vida e os designers que lhes deram a forma.

- What the Nose Knows - Alvery Gilbert
Algumas curiosidades tratadas no livro: • Quantos cheiros existem? E quantas moléculas seriam necessárias para criar cada aroma na natureza? • Quem era o maior aficionado por perfumes: Richard Wagner ou a Emily Dickinson (que nutria uma paixão imensa por flores)?
Dos laboratórios de imagem cerebral ao mercado de risco do perfume, What the Nose Knows guia-nos em uma excursão ao reino estranho e surpreendente do olfato.

- The New Perfume Handbook - Segunda Edição - St. N. J. Groom
A primeira edição deste livro original estabeleceu-se como uma fonte de informação incomparável de informações sobre a perfumaria. A segunda edição traz algumas mudanças, que incluem: uma expansão do número de perfis das casas do perfume, e a inclusão de 50 perfumes novos, que foram lançados desde a edição precedente. Há uma cobertura igualmente aumentada das essências, plantas, e outros materiais derivados. Ponto fraco: poucas ilustrações.

- The Perfect Scent: A Year Inside the Perfume Industry in Paris and New York - Chandler Burr
O crítico de perfumes do New York Times, Chandler Burr, segue a o processo de criação de duas (então) novas fragrâncias - Un Jardin sur le Nil, de Hermès, e Lovely, o celebrity scent de Sarah Jessica Parker. O livro é um verdadeiro passeio pela indústria de perfume internacional.

- The Emperor of Scent: A True Story of Perfume and Obsession - Chandler Burr
Tudo sobre a teoria de Luca Turin de que o odor das substâncias é baseado na freqüência da vibração das moléculas. Um livro por vezes engraçado e picaresco sobre o mundo dos aromas.

- Fragrances: Beneficial and Adverse Effects - Peter J. Frosch e Iain R. White
Os aromas são uma parte integrante de nossa sociedade civilizada. São usados não somente em perfumes finos, mas igualmente em numerosos outros artigos com que temos contato diário. Uma outra novidade foi o uso dos aromas na agricultura, como uma arma biológica para combater insetos e outras pragas. No campo da dermatologia, os aromas estão entre os sensibilizadores mais freqüentes atualmente, e podem provocar eczemas alérgicos ao contato. Este volume apresenta aspectos numerosos do tópico pela primeira vez no formulário detalhado. Na introdução, a química de componentes de aromas freqüentemente usados é descrita, junto com a arte da composição do perfume que foi refinada através dos séculos. Em um capítulo na neura farmacologia, os mecanismos do reconhecimento do perfume são descritos em detalhes.



Aromaterapia / Holística / Perfumaria Natural



- Essence and Alchemy: A Natural History of Perfume (Essências e Alquimia - Um Livro Sobre Perfumes - Editora Rocco)- Mandy Aftel
Extremamente interessante e explicativo, narrando história, falando sobre arte, espiritualidade e memória olfativa. Um verdadeiro guia de aromaterapia e criação natural de perfumes.

- Scents & Sensibilities: Creating Solid Perfumes for Well-Being - Mandy Aftel
Mandy Aftel ensina tudo que precisamos saber para a criação artesanal dos próprios perfumes. Os óleos essenciais, os concretos, e os absolutos são combinados para criar os aromas que realçam o bem-estar. Os ingredientes tais como a laranja amarga, a baga de zimbro, a toronja cor-de-rosa, a alfazema, a noz-moscada, a baunilha, o sândalo, e a rosa podem criar o perfume perfeito para determinados tipos de humor.

- Helping Yourself With Magical Oils A-Z - Maria Solomon, Mana Solomon
Um grande livro para os que querem aprender sobre o uso dos óleos. Com receitas concisas para ajudá-lo nas diversas áreas de sua vida.

- The Complete Book of Incense, Oils & Brews - Scott Cunningham
Esta é uma versão extremamente expandida e reescrita da mágica dos incensos, dos óleos e das fermentações. Inclui sobre 100 fórmulas novas, proporções para cada elemento das receitas, como substituir ingredientes, e muito mais. Além das fórmulas, inclui igualmente os métodos de execução, ensinando como extrair as essências das ervas.

- Magical Aromatherapy: The Power of Scent - Scott Cunningham
O livro combina a abordagem moderna da aromaterapia com os segredos antigos da perfumação mágica. Ensinamentos sobre como usar aromas das ervas e dos óleos essenciais frescos e secados para fazer mudanças em sua vida.



Colecionando Frascos


- The Art of Perfume: Discovering and Collecting Perfume Bottles - Christie Mayer Lefkowith
As centenas de recipientes ilustrados aqui, que são da coleção pessoal da autora, datam do começo do século XX até os anos 50. Na arte da perfumaria, o perfume não é o único fascínio. Como a autora indica nesta história detalhada, a atenção séria é dada igualmente à seleção de um nome (que carrega seu próprio prestígio), ao projeto da etiqueta, ao frasco, aos ornamentos que puderam ser afixados, e à caixa em que é empacotado o produto. O livro contém um diretório das centenas de designers e perfumistas (passados e presentes) com seus endereços, uma breve história de cada empresa, e os nomes de alguns de seus produtos mais conhecidos.

Ilustrações ~ segunda à esquerda -Imagem do livro Belle Girls Reading Book, de Martin-Kavel ~ outras imagens - Vintage postcards e gravuras - autores desconhecidos


22 de fevereiro de 2009

Lorenzo Siena - Palio


Lorenzo Siena - Palio


Dean Martin, nascido Dino Crocetti, era um cantor de gênero similar a Bing Crosby, que conheceu verdadeira fama formando um duo cômico com o inesquecível Jerry Lewis. Os dois atores rodaram 16 filmes juntos, a partir de 1949, e a fórmula parecia ser a distribuição dos papéis – Lewis era o desastrado doce, e um pouco maníaco, enquanto Martin incarnava o homem sedutor e correto.

Quando testei Palio, de Lorenzo Siena, a imagem que me veio à cabeça foi exatamente a de Dean Martin, no início dos anos 50 – de Dean Martin em « That’s My Boy » (filme de 1951). Toda a elegância, boas maneiras, sedução discreta, e charme de Martin são interpretadas em Palio.

A abertura cítrica , é perfeitamente balanceada pela lavanda. A rosa, o lírio-do-vale e um toque de jasmim, adicionam uma certa suavidade ao conjunto, e a junção do almíscar branco e do sândalo, no fundo, imprime um leve toque atalcado. Um grande « bravo / bravissimo » no setor poder de fixação, que é excelente para uma eau-de-toilette.

Palio é comercializado como um perfume masculino, porém, como o belo Colonia, de Acqua di Parma, eu o vejo como unissex. De certa forma, talvez essa seja a grande atração da fragrância – uma masculinidade não agressiva, suave. Nada de notas amadeiradas fortes, overdoses de incenso e couro aqui. A masculinidade expressa em Palio é serena, e tem uma aura de distinção.

A minha grande amiga Simone, do blog Mais Que Perfume, escreveu há pouco tempo um artigo maravilhoso sobre Palio. Em sua review, Simone associava a imagem da fragrância aos antigos filmes de Elvis. Achei incrível como ambas, Simone e eu, captamos a idéia de inocência em Palio. Seja a ingenuidade dos filmes do jovem e saltitante Elvis, ou do sóbrio Dean Martin, a verdade é que Palio lembra uma determinada atitude dos tempos passados – uma forma de sedução elegante, cavalheiresca, e, portanto, irresistível!




Ilustrações ~ à direita - Dean Martin
- à esquerda - a dupla Dean Martin e Jerry Lewis


17 de fevereiro de 2009

Philosophy


Philosophy Cosméticos


A história da marca americana Philosophy teve sua base na linha de produtos dermatológicos BioMedic, fundada por Cristina Carlino, em 1990, e destinada a distribuição entre profissionais da área . Tentando atingir um público menos direcionado, porém aproveitando todo o conhecimento desenvolvido em BioMedic, Carlino decidiu criar Philosophy, em 1996.

A crença Hindu, de que a beleza provém de um sentimento de bem-estar, inspirou a filosofia dos produtos de Mrs. Carlino. Apesar de ter nascido em uma família cristã em Indiana, Cristina foi apresentada a cultura oriental na Califórnia, aonde iniciou um aprendizado em medicina oriental e ideal holístico. Todo o processo resultou na criação de um livro, The Rainbow Connection, que fala de chakras, color-terapia e bem-estar, além de explicar o ideal de BioMedic e Philosophy.

Hoje em dia, Philosophy é distribuída em larga escala por Sephora, além de contar com inúmeros pontos de vendas, e um website próprio. Os produtos também se estenderam além dos cuidados para a pele, englobando uma linha corporal e de banho, makeup, produtos para os cabelos, e, of course, fragrâncias.

Com nomes inspiradores, como "Purity Made Simple", para uma loção de limpeza facial, "Help me", para um tratamento à base de retinol, ou "Hope in a Jar", para uma hidratante facial, Philosophy continua apostando na carta do positivismo.

O grupo Carlyle adquiriu a marca no início de 2007, mas Cristina Carlino continua uma acionária importante, e contribui como diretora executiva.

Eu adoro os produtos Philosophy, sobretudo a gama de cuidados para a pele, e sou grande fã do conceito da marca. No entanto, concentrarei-me nas fragrâncias da linha, e pretendo falar de cada uma delas - com o alto-astral devido, claro!


PS - Se "The Rainbow Conection" for o tipo de leitura de seu interesse, eu recomendo igualmente "The Anatomy of the Spirit", de Caroline Myss, ou "The 7 Healing Chakras", de Brenda Davies.


Ilustrações ~ao alto - Logo de Philosophy
~ à direita - imagem da marca Philosophy, traduzindo pureza e inocência
~ à esquerda - edição do livro "The Rainbow Connection", de Cristina Carlino




12 de fevereiro de 2009

Que perfume uso e que homem eu atraio


Que perfume uso e que homem eu atraio


Para início de conversa, esse artigo foi escrito no mais puro espírito fun, de brincadeira. Cada homem tem o seu gosto próprio em matéria de perfumes destinados ao sexo dito frágil, e supor que usando o perfume de Demi Moore você atrairia Ashton Kutcher, é ilusório demais (se este fosse o caso, eu estaria agora tomando banhos de Clean, ao invés de escrever esse post - rsrsrs).

Tania Sanchez, no livro Perfumes, The Guide, disse que bacon é o aroma predileto masculino. Eu poderia acrescentar que o cheiro do interior de um carro novo, deve ser o segundo odor de predileção de nossos caros males.

Porém, eu sempre quis saber qual a fragrância portada pela "outra parte do casal". Você não? Bem, então aqui vamos nós, deixando a seriedade de lado. Afinal, que tipo de perfume poderia atrair alguns dos Monsieurs abaixo?



- O Toy Boy - Ashton Kutcher - Demi Moore é fã de perfumes leves, e costuma usar Clean, de Dlish, cujo princípio é reproduzir o cheiro de sabonete, o odor de "acabei de sair do banho". Ashton também namorou a atriz Brittany Murphy, que conheceu no set do filme Just Married, em 2003. Curiosidade - Brittany também usava... Clean, de Dlish.



- O Incentivador - Dr. Phil McGraw - Dr. Phil é o psicólogo n°1 dos USA, e faz um sucesso enorme com a emissão homônima, onde analisa os problemas alheios na presença dos principais interessados, e de um enorme auditório. Mal gosto? Talvez. O fato é que Dr. Phil é um dos mais bem-sucedidos self-help gurus, e resolveu compartilhar os louros da fama com sua esposa de mais de 30 anos, Robin. Mrs. McGraw mudou-se do Texas para L.A, e, incentivada por seu marido, aconselha o público feminino, sendo autora de dois best-sellers. Contudo, Robin continuou fiel ao mesmo perfume, Quelques Fleurs, de Houbigant.


- O Sugar Daddy - Donald Trump - O miliardário Trump, que parece transformar em ouro os mais ecléticos empreendimentos - do ramo imobiliário ao comitê de Miss USA, passando pela emissão The Apprentice, declarou publicamente que adora o cheiro de Dolce & Gabbana (o original, da tampa vermelha). Sua esposa, Melania, não poderia deixar escapar a dica, claro!


- O Talentoso - Sacha Baron Cohen - Rosas parecem agradar o excêntrico intérprete de Borat. Isla Fisher, sua companheira na vida real, é fã de Stella Rose Absolute, de Stella McCartney.


- O Sedutor - Jude Law - Sua ex-esposa, Sadie Frost, e sua ex-noiva, Sienna Miller apreciavam o mesmo perfume - Bluebell, de Penhaligons. Coincidência?


- O Escultural - Matthew McConaughey- Diz a lenda, que o belo Texano ofereceu um frasco de Eau du Ciel, de Annick Goutal, a sua namorada da época, a atriz Sandra Bullock.


- O Suporte - Vince Vaughn - Ainda no time dos presenteadores, Vince Vaughn encomendou 10 frascos de uma edição limitada do perfume Child para sua darling do momento, Jennifer Aniston, logo após o divórcio da mesma e de Brad Pitt.



- O Reconvertido - Johnny Depp - Antes de encontrar sua cara-metade, a cantora e atriz francesa, Vanessa Paradis, Mr. Depp vivia uma vida mais que boêmia. Agora, o ex enfant terrible é literalmente gaga por seus dois filhos, Jack e Lily Rose. Miss Paradis é consumidora fiel do perfume Coco, de Chanel, do qual foi garota propaganda.


- O pai de todos os seus filhos - Brad Pitt - Dizem que Angelina Jolie, costumava usar Herrera for men, de Carolina Herrera. Entretanto, depois de Mr. e Mrs. Smith, Jolie decidiu apostar na suavidade, escolhendo como perfume Love in White, de Creed. Influência de Brad?




Ilustrações ~ ao alto - Cupid - vintage postcard
~ Ashton, Jude, Vince, Brad, Johnny - celebrities-pictures.com

~ Trump e Sacha Baron Cohen - askmen.com
~ Dr. Phil - cs.uni.edu



8 de fevereiro de 2009

Feminité du Bois


Feminité du Bois



Sábado passado, eu estava procurando por um novo perfume quando vi mais um lançamento da linha exportação de Serge Lutens. Olhei a etiqueta do novo Lutens' baby, e qual não foi a minha surpresa ao constatar que era um re-lançamento do excelente Feminité du Bois, originalmente comercializado por Shiseido.

Elaborado por Christopher Sheldrake (autor da grande maioria dos perfumes Lutens) e Pierre Bourdon, sob a direção de Lutens himself, Feminité du Bois foi lançado em 1992, e é um dos marcos da perfumaria mundial, inspirando um enorme número de perfumes amadeirados que vieram depois.

A grande atração da fragrância é a marca registrada de Lutens - o equilíbrio perfeito entre as notas amadeiradas e um certo tom doce, resultando em um aroma exótico. Feminité abre o espetáculo com uma nota de canela, dosada por uma pitada de gengibre. A violeta chega logo após, trazendo uma delicadeza floral ao conjunto, adoçado pela união entre a ameixa e o pêssego, e harmonizado pelo cedro (em concentração de 30%), o sândalo e a baunilha, no fundo. Sei que farei-me trucidar pelos snobs de plantão, mas o resultado se aproxima imensamente a um antigo sucesso da Natura, o extinto Shiraz, lançado em 1993, ou seja, um ano após o lançamento oficial de Feminité du Bois.

A versão original de Shiseido vinha em um interessante frasco de cor vinho/ameixa, desenhado por Lutens, e o líquido rendia homenagem às florestas de cedro das montanhas do Marrocos. A fragrância era declinada em eau-de-parfum 50ml, desodorante de 100ml, creme corporal leve, bruma/emulsão sem álcool 100ml, caneta-perfume roll-on, extrato de perfume em 15 ml, e uma "eau timide", com concentração similar a eau-de-toilette, porém com propriedades hidratantes. A versão atual de exportação de Lutens não teve a formulação de base alterada, mantendo seu aroma intocado, sendo, entretando, disponível somente no típico frasco retangular de eau-de-parfum em 50ml.

Feminité du Bois (Feminilidade da Madeira) é extremamente fiel ao nome - feminino e amadeirado. E eu, apesar de não morrer de amores por overdoses de cedro, sucumbi literalmente à fragrância, que inspirou boa parte da gama "Eaux Boisées", oriunda da linha confidencial de Lutens, comercializada unicamente nos Salões do Palais Royal Shiseido, em Paris. Bois de Violette, por exemplo, poderia ser considerada como a "irmã caçula" do mítico Feminité du Bois.

Eu recomendaria essa obra-prima de Lutens a todas as mulheres ansiosas por um perfume marcante e expressivo, unindo magistralmente doçura, profundidade e mistério.


Ilustrações ~ ao alto - Feminité du Bois - nova edição (foto da minha coleção particular)
~ à direita - Jeune Odalisque au Bain, de
José Cruz Herrera (1890-1972)
~ à esquerda - Feminité du Bois - edição original de Shiseido




1 de fevereiro de 2009

Serge Lutens


Serge Lutens



Serge Lutens, atual diretor artístico da marca Shiseido, e darling absoluto da perfumaria mundial veio ao mundo no dia 14 de março de 1942, em Lille, França.

Aos 14 anos, Serge começou seu percurso na área da beleza, trabalhando como aprendiz em um salão de cabeleireiros na sua cidade natal. No ano de 1962, nosso herói se mudou para Paris, e trabalhou como maquiador, sendo logo contratado pela revista Vogue, como responsável pela maquiagem, penteados e joalheria.

Em 1968, Lutens descobre Marrakech, a cidade ocre, e se encanta com a beleza do Marrocos. A experiência terá grande repercussão nas suas criações futuras, quando o Marrocos, e a cultura oriental, servirão de inspiração para grande número de seus perfumes.

Eterno apaixonado por fotografia, Serge costumava pedir a seus amigos que posassem como modelos. Num contexto mais profissional, colaborou com fotógrafos como Bob Richardson e Richard Avedon, e teve uma série de fotografias inspiradas pelos mestres Monet, Seurat, Picasso e Modigliani, expostas no Museu Guggenheim de Nova York. Nos anos 70, Lutens também teve 2 curta-metragens exibidos no festival de Cannes.

Porém, foi em 1980 que ocorreu a associação que iria projetá-lo aos olhos do grande público. A marca japonesa Shiseido procurava alguém para desenvolver sua imagem a nível internacional, e Monsieur Lutens, com seu know-how em fotografia, cinema e make-up, era o candidato ideal. Seu trabalho foi tão bom, que dois prêmios Lion d'Or de melhor comercial internacional vieram enfeitar sua estante.

Em 1981, Serge dirige a criação de seu primeiro perfume para Shiseido, Nombre Noir. Em 1992, Shiseido lança um dos perfumes mais revolucionários de todos os tempos, na minha opinião, Feminité du Bois. No mesmo ano, foram abertos os Salões do Palais Royal Shiseido, no n° 142 da Galeria de Valois (na Rue de Valois, em Paris), aonde se comercializa a linha de perfumes exclusivos, em formato 75 ml, e vendidos somente no local. A linha de exportação, em frascos de forma retangular e conteúdo de 50 ml, é comercializada mundialmente.

Entre 2001 e 2004, Lutens foi premiado com 4 Fifi Awards (o oscar da perfumaria), na categoria melhor conceito original. E 2007 foi o ano em que o governo francês nomeou-o Comendador da Ordem de Letras e Artes.

Uma das maiores forças de Serge Lutens é o trabalho conjunto com o perfumista Christopher Sheldrake (foto à esquerda), criador da maioria de seus perfumes, e, desde 2005, diretor de pesquisas e elaboração de fragrâncias da maison Chanel.




Ilustrações ~ ao alto - Serge Lutens
~ primeira à direita - Les Salons du Palais Royal Shiseido

~ à esquerda - Galerie de Valois
~ segunda à direita -
Christopher Sheldrake


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